domingo, 21 de agosto de 2016

Acabaram!


As Olimpíadas acabaram. Assim como eu não queria a Copa do Mundo no Brasil, também não queria os Jogos Olímpicos. O Brasil não é um país pobre; no entanto, os gastos não são bem administrados. A contradição é evidente: belos estádios x hospitais e escolas de pires na mão.

Mas não adianta chorar pelo leite derramado. Então, melhor pegar os limões e fazer uma jarra de limonada bem geladinha, senão vejamos: observei que durante os Jogos não existiram paulistas, cariocas, gaúchos, pernambucanos, baianos etc., mas tão só BRASILEIROS. O jovem atleta Thiago Braz, quando foi ovacionado diante da conquista inédita, não era paulistano, mas BRASILEIRO. Também não havia amarelos, negros, homossexuais etc.: havia BRASILEIROS.

Ou seja: o Brasil se tornou um só. E até mesmo aqueles que dizem ter vergonha do Brasil e vivem a praguejar por terem nascido aqui, até mesmo esses estavam lá a vibrar a cada vitória de um brasileiro. Prata, ouro, bronze? O que importava isso? Era mais um brasileiro no pódio.

E foi assim que os Jogos Olímpicos se revelaram ao mundo como um poderoso integrador social. Mas ficará a lição? Havia tantas modalidades diferentes, muitas, inclusive, das quais eu nunca ouvi falar. De onde saíram aqueles atletas brasileiros? Onde essas pessoas treinaram? Aliás, onde essas pessoas treinam? Seguramente, não deve ser aqui no país.

E o que será feito dos estádios, dos centros esportivos e tudo que foi construído para os Jogos? Eu estava aqui pensando em quantas crianças e adolescentes sequer chegariam perto da marginalidade se tivessem oportunidade nos esportes de sua preferência. Não, não se trata de favor aos “pobres”, mas de inteligência e planejamento, pois o investimento nas bases é que forma os bons atletas, e isso traz muitos ganhos para o país; no entanto, somos imediatistas e, enquanto essa cultura perversa permanecer, continuaremos como estamos, ou seja, continuaremos a ver nossos melhores talentos como turistas no país por ocasião dos grandes eventos e, mesmo assim, se o Brasil vier a sediá-los, pois que outro motivo esses atletas teriam para permanecer no país?

Agora que tudo acabou, teremos de voltar à realidade, e o meu Rio de Janeiro, em vez de ressurgir das cinzas, tornará ao que era, melhor dizendo, ao que dele fizeram: uma cidade doente, infestada de gordos ratos de esgoto e lixo por toda parte.



Somos BRASILEIROS!


Que o Cristo Redentor, do alto dos Seus braços abertos, nos abençoe a todos.

Ganhamos medalhas no vôlei, no futebol e em vários outros esportes. O mundo se tornou brasileiro nesses dias dos Jogos Olímpicos e reverenciou o Brasil.

Começo a pensar que as utopias de Gonçalves Dias (“Minha terra tem palmeiras...”) tinham lá seu fundo de verdade. É sempre bom lembrar que o Brasil está na linha de frente quando alguém afirma coisas como “o Brasil não é um país sério” etc.; no entanto, há uma metonímia nesse discurso, pois não é o Brasil, mas alguns ou muitos dos que aqui moram, afinal “o Brasil” não pode desviar dinheiro, tampouco ser “responsabilizado” por obras malfeitas ou pela obesidade da corrupção.

Temos aí um esquema argumentativo perverso, mas bastante conveniente para muitos, tão conveniente como culpar “a crise”, “o sistema” e outras entidades abstratas como uma nuvem. Lembremo-nos de que “o Brasil”, “a crise” e “o sistema” não assinam papéis, não telefonam, não distribuem privilégios.

Então, vamos nos orgulhar do nosso país. Se não estamos satisfeitos, lutemos para nos tornar pessoas melhores, ensinemos aos nossos filhos valores honestos, busquemos pessoas que sejam parâmetro de honestidade.

E para os insatisfeitos e invejosos de plantão, sejam brasileiros, sejam estrangeiros, “beijinho no ombro, que o recalque passa longe”.