quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Sinonímia em Lyons – Continuação

Boa-noite a todos...

Vamos continuar?

Convém observar que Lyons, ao expor sua teoria, brinda-nos com um número muito pequeno de exemplos e, no que se refere à sinonímia como hiponímia simétrica, não nos fornece exemplificação.

Curiosamente, ao falar da sinonímia como um caso especial de hiponímia, oferece-nos como exemplo as palavras “primogênito” e “caçula”, que não são sinônimas, pois “primogênito” é o filho mais velho, ao passo que “caçula” é o mais novo; no entanto, ambas as palavras são hipônimos do hiperônimo “filho” e, como tal, são “filhos” já que existe uma correspondência entre os traços semânticos de hiperônimos e hipônimos; sob este aspecto podemos até considerá-las sinônimas, pois “primogênito” = “filho” e “caçula” = “filho” (mas uma não se pode substituir pela outra já que os significados são opostos e, na verdade, a relação entre ambas é de antonímia).

Desse modo, temos que, segundo a definição matemática de Lyons (1979), “se x é um hipônimo de y e se y é também um hipônimo de x – isto é, se a relação é bilateral ou simétrica –, então x e y são sinônimos”; se considerarmos x = primogênito ou caçula e y = filho, teremos que, se x (primogênito ou caçula) é hipônimo de y (filho) e se y (filho) é hipônimo de x (primogênito ou caçula), então x e y são sinônimos, ou seja, “primogênito ou caçula” são sinônimos de “filho”, o que não é verdadeiro, já que todo primogênito e todo caçula são filhos mas nem todo filho é primogênito ou caçula; o que dizer, por exemplo, do filho “do meio” e do filho “adotado” e do filho “emprestado” e do filho “do coração”?

Note-se que dizer que x é hipônimo de y é o mesmo que dizer que y é hiperônimo de x; sendo assim, ambos não podem ser sinônimos. Suponhamos agora, em lugar dos sintagmas “primogênito” e “caçula”, respectivamente, os sintagmas “filho mais velho” e “filho mais novo” (modificados sintagmaticamente); então teremos que, se x (filho mais velho ou filho mais novo) é hipônimo de y (filho) e se y (filho) é hipônimo de x (filho mais velho ou filho mais novo), então x e y são sinônimos, ou seja, “filho mais velho ou filho mais novo” são sinônimos de “filho”; realmente são, mas um não se substitui pelo outro; além disso, se uma palavra é  hipônima de  outra, isto significa dizer que uma delas é um hiperônimo e, como tal, ambas não podem ser sinônimas, já que uma contém a outra, a não ser em contextos bem específicos.

Portanto, não podemos pensar em equivalência matemática para a língua, já que esta não é uma ciência exata.

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