sexta-feira, 3 de junho de 2011

Continuação da aula de Semântica – 3...

Boa-noite a todos... Agradeço a vocês pela presença aqui neste blog...

Para a próxima semana, teremos mais duas seções: CrônicasA outra face da crítica; os textos estão saindo do forno...

E, conforme expliquei, em breve os textos estarão nas respectivas pastas. 

Também já estão prontas aulas inéditas sobre os fundamentos da análise sintática.

E vamos em frente, que as nossas aulas de Semântica ainda não terminaram; o que postei até o momento foi publicado em forma de artigo (depois darei a referência completa).

Bem, vamos lá:


Conforme sabemos, não existem sinônimos perfeitos. O princípio de economia linguística nos fala que nenhuma palavra da língua existe à toa; logo, não pode haver duas palavras de mesmo sentido, já que tal fato violaria o princípio, pois se isso acontecesse, pelo menos uma, das duas palavras, estaria "a mais", "sobrando". Além disso, há que se considerar o contexto: para que duas palavras tenham o mesmo sentido (definição tradicional de sinonímia), isto deverá ocorrer em qualquer contexto para que se possa empregar uma pela outra, o que, de um modo geral, não ocorre.

Vamos, então, comentar os exemplos arrolados no esquema proposto por W. E. Collinson:

2) Um termo é mais intenso que outro.

Vejamos os verbos “repudiar” e “recusar”; no caso do primeiro, temos, de fato, uma carga semântica mais forte, já que implica uma rejeição, o que necessariamente não ocorre com o segundo, pois podemos recusar delicadamente um convite, por exemplo, não por rejeição, mas por absoluta impossibilidade de atendê-lo.

“Assassinar” também é mais intenso do que “matar”; o impacto de uma notícia como “O executivo X foi assassinado ontem de madrugada.” é bem maior que “O executivo X foi encontrado morto.”, por exemplo, até porque, o fato de estar morto não quer dizer necessariamente que foi assassinado. Acrescentem-se aqui os diferentes usos desses dois verbos em contextos variados; se entra uma barata voadora em nossa casa, não gritamos “assassina a barata!”, mas “mata, mata!”.

3) Um termo é mais emotivo que outro.

Um exemplo claro são os eufemismos, que, ressalte-se, enquadram-se também no segundo critério proposto por Collinson. Não é por acaso que, em determinadas situações, buscamos utilizar as “melhores” palavras para não ferir a susceptibilidade alheia. O substantivo “câncer”, por exemplo, é portador de forte carga emocional, de modo que é comum substituí-lo por “doença ruim” ou “CA” (pronuncia-se cada fonema isoladamente, sem configurar a sílaba).

4) Um termo pode implicar aprovação ou censura moral enquanto o outro é neutro.

Trata-se, na verdade, de um outro modo para definir o eufemismo, já que sua característica principal é justamente a substituição de um termo “pesado” e, dependendo do contexto, censurável,  por um que seja “neutro”; assim, podemos citar como exemplo o sintagma “capitalismo selvagem”, susceptível à desaprovação, e um substituto “neutro”, como, por exemplo, o sintagma “livre empresa”. Da mesma maneira, um adjetivo como “leproso”, que certamente provocaria uma censura por parte do ouvinte, deveria ser substituído por “hanseniano”, que é mais “neutro”.

Continuamos na próxima...

4 comentários: