segunda-feira, 6 de junho de 2011

Continuação da aula de Semântica – 5...

Boa-noite a todos! Acabo de ler um comentário de uma ex-aluna, a Ivye, postado neste blog e devo admitir que meus alunos são muito generosos comigo...

E paramos por aqui, senão eles ficam metidos que só...

Recebo o comentário com muita alegria, sobretudo vindo de uma pessoa tão bacana como a Ivye; bem, só me resta agradecer...

Antes de continuarmos, postei há pouco mais um livro de minha autoria para quem quiser ler; quanto às aulas de sintaxe, começarão na próxima semana, na segunda ou na terça; quanto às aulas de semântica, elas continuam sempre, pois nada fazemos sem esse grande terreno movediço que é a semântica; o motivo? Ela está na base de tudo, basta pensar que vivemos no mundo dos significados e dos contextos; nesse ponto, vale ressaltar o campo de estudo do qual a semântica não se separa: a pragmática.

Mas vamos com calma...

Continuando...

9) Um dos sinônimos pertence à linguagem infantil.

Com frequência, uma única palavra no vocabulário infantil tem mais de um sentido em seu correspondente adulto; assim, temos que papá pode significar papai e alimento, dentre outras palavras.

Ullmann (1964) nos fala que o meio mais eficaz para delimitar os sinônimos consiste no “teste de substituição” proposto por Macaulay; ocorre que, com frequência, tais substituições necessitam de algum tipo de adaptação e, ainda assim, dependendo do contexto, um termo não pode ser substituído por outro.

Tomemos os pares casa / lar e dispensar / prescindir; dificilmente, uma pessoa dirá ao sair da escola: “vou para o meu lar” (dirá, sim, “vou para minha casa”); já no segundo par, haverá uma adaptação exigida pela regência dos verbos em questão, pois dizemos “dispenso a sua ajuda”, mas “prescindo da sua ajuda”.

Naturalmente, podemos dizer que uma planície é “vasta” ou “larga”, mas não dizemos da velha calça que ela está “vasta” e precisa ser apertada; embora saibamos que uma blusa “seca” é o mesmo que uma “enxuta”, pois, nesse caso, significa que não está molhada, não podemos dizer o mesmo de uma carta, afinal, uma carta “seca” não é o mesmo que uma “enxuta”: enquanto a primeira é desprovida de qualquer emotividade, a segunda é concisa e objetiva.

Segundo o autor, também podemos delimitar os sinônimos através de seus opostos, ou seja, os antônimos. Para Ullmann, o adjetivo “fundo” será sinônimo dos adjetivos “intenso” e “profundo” em “funda simpatia” (pois também podemos dizer “profunda simpatia” e “intensa simpatia”), em que o seu antônimo seria o adjetivo “superficial”, mas não em “água profunda”, em que o seu antônimo seria “rasa”, “não profunda” (não podemos dizer “água superficial”).

É certo que não podemos dizer “simpatia rasa”, mas “simpatia superficial” também é estranho, pois não me parece que o substantivo “simpatia”  esteja sujeito a gradações:  ou existe  simpatia  ou  não,  ou simpatizamos com alguém ou não simpatizamos. Por outro lado, há que se ter em mente qual o sentido de “simpatia” que está sendo utilizado, pois, se dissermos “conheço uma simpatia excelente para bronquite”, nem mesmo o recurso ao antônimo terá qualquer validade, já que não se diz “conheço uma funda simpatia para bronquite” e menos ainda “uma simpatia rasa ou superficial para bronquite”.

Continuamos na próxima...

Nenhum comentário:

Postar um comentário