sexta-feira, 29 de julho de 2011

Semântica – Aula 2


Eu de novo!
Semântica – aula 2 (nomes próprios no dicionário)
Lembro que logo abaixo está postada a aula 18 (da sequência “sinonímia no dicionário”).

Semântica – Aula 18

Boa-noite a todos! (ou será “boa-madrugada”?)
Vamos continuar?
Semântica (Sinonímia no Dicionário)
Aula 18

Na acepção 17 de “profundo”, o exemplo fornecido é “estrutura profunda”; note-se que também não podemos dizer “estrutura funda ou intensa”.

Tais exemplos excluem algumas acepções como possíveis sinônimos, de modo que sua delimitação por meio de antônimos também não é viável.

O dicionário Houaiss não parece apresentar qualquer sistematização no tratamento da sinonímia. Algumas palavras, como “negar”, por exemplo, não apresentam uma referência explícita ao final, mas no corpo do próprio verbete. Assim, na acepção 3, por exemplo, temos “demonstrar rejeição por; repelir, repudiar”.

Em outras palavras, como “repulsão” e “morte”, há uma extensa lista de sinônimos ao final, conforme encontramos em um dicionário de sinônimos.

Já para outros verbetes, há uma indicação explícita de sinonímia no final do verbete, como em “rejeição”: “ver sinonímia de repulsão e antonímia de nução”. É de se notar que nem sempre há referência à sinonímia e à antonímia no mesmo verbete; assim é que a palavra “negar” só traz a indicação de antonímia e “debochar”, somente de sinonímia.

Acrescente-se que nas palavras que trazem uma extensa lista de sinônimos ao final, algumas como “leproso” trazem tão somente a relação de sinônimos, ao passo que outras como “morte”, ao final da lista, trazem ainda “ver também sinonímia de...” e ainda há outras como “óbito” que não trazem nenhum tipo de indicação.

Há palavras que não apresentam indicação de sinonímia nem mesmo no corpo do verbete, como é o caso de “navio”.

Já em outras palavras, como o verbo “comer”, a sinonímia é apresentada não só no corpo do verbete mas também em uma lista, ao final, de acordo com a classe gramatical da palavra; assim, o dicionário apresenta os sinônimos de “comer” como verbo e depois como substantivo masculino.

É de se notar ainda que não há uma ordem preestabelecida para a indicação de sinonímia e antonímia; assim, no substantivo “rejeição”, a indicação de sinonímia aparece primeiro, ao passo que, em “intenso”, a indicação de antonímia aparece primeiro.

O dicionário Aurélio praticamente não apresenta indicação explícita de sinonímia. De um modo geral, tomando por base as palavras do corpus, a sinonímia é apresentada no corpo do próprio verbete, como, por exemplo, na acepção 2 de “rejeitar”: “lançar de si; expelir; vomitar, regurgitar”.

No caso da palavra “recusa”, aparece no final do verbete o registro “Sin., p. us.: recusação”; na palavra “veículo”, acepção “veículo de propaganda”, aparece uma referência à sinonímia (“sin.: veículo de publicidade, veículo publicitário”); já na palavra “ônibus”, quase ao final do verbete, aparece a indicação “sinônimos gerais” seguida das palavras que funcionam como tal.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Semântica – Aulas 1 e 17

Boa-noite a todos!
Vamos continuar?
Como já estamos finalizando a primeira bateria de aulas de semântica (ainda faltam algumas), começo hoje a postar nova sequência de aulas.
Espero que gostem!
Um esclarecimento adicional: como todos sabem, tudo o que posto aqui está registrado no EDA; no entanto, diferentemente das aulas de semântica, as de sintaxe são postadas somente em pdf; isso ocorre pelo seguinte: as aulas de sintaxe, como vocês já devem ter percebido, contêm setas e gráficos, mas estes não podem ser postados como as aulas de semântica porque o programa que uso neste blog  não os aceita.
Para quem está chegando agora, após uma rodada de aulas reúno todas em um único arquivo em pdf, pois, assim, facilita bastante para estudar.
Bom, chega de conversa e vamos às duas aulas de hoje!
Hoje vai tudo em pdf, pois meu computador anda muito temperamental...
http://www.mediafire.com/?1z417hm281ub54s

http://www.mediafire.com/?vprt8f7nfm3fmmr

terça-feira, 19 de julho de 2011

Análise Sintática - Aula 11

Boa-noite a todos!
Estou vendo que há novos seguidores...
Agradeço a todos vocês a presença neste blog...
E sejam todos muito bem-vindos!
Espero que estejam gostando!
Bem, vamos continuar?
Próxima aula: Semântica.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Semântica – Aula 16

Boa-noite a todos!
Vamos lá?
Aula 16

Quanto à análise da sinonímia proposta por Lyons (1979), as palavras escolhidas para compor o corpus revelam-nos aspectos interessantes; já vimos que a sinonímia enquanto uma “hiponímia simétrica” comporta restrições; todavia, os termos “veículo”, “carro”, “ônibus” e “motocicleta” mostram-nos uma possibilidade de hiponímia simétrica entre os dois primeiros.

Uma leitura das definições propostas pelos dicionários escolhidos é suficiente para percebermos que “veículo” é hiperônimo de “carro”, “ônibus” e “motocicleta”; todavia, “carro” também é um hiperônimo, já que existem vários tipos diferentes de carros desde carro “alegórico” até carro “de boi” ou “de mão” (sendo que, neste último, a palavra “carro” é usada no diminutivo).

Também se pode notar nos três dicionários, nas definições propostas para “veículo”, que existe sinonímia entre “veículo” e “carro” ou “automóvel”, ou seja, um dos sinônimos de “veículo” é o termo “carro”; desse modo, podemos afirmar que, de fato, além de “veículo” ser hiperônimo de “carro”, ambos podem funcionar como hipônimos um do outro, já que ambos são hiperônimos em relação a outros termos, mas são sinônimos entre si.

É de se notar, contudo, que, mesmo nestas considerações, há outros aspectos de que não podemos prescindir: mesmo que haja sinonímia entre “carro” e “veículo” e mesmo que ambos sejam hiperônimos, o fenômeno da hiperonímia é diferente em ambos, como ocorre com “material escolar” e “lápis”, por exemplo.  Sabemos que o primeiro é hiperônimo do segundo, como também é hiperônimo de “papel”, “caneta”, “borracha”, “apontador” etc., ou seja, os hipônimos são sintagmas nominais diferentes entre si.

Já no caso de “lápis”, ele será hiperônimo de “lápis preto”, “lápis de cor”, “lápis cera”, “lápis de olho” etc.; note-se que o núcleo destes sintagmas nominais é o mesmo, ou seja, “lápis”; sendo assim, o que diferencia um sintagma do outro não é o núcleo (como os hipônimos de “material escolar”), mas um termo periférico, “marginal” (CARONE, 1991), que pode ser um sintagma preposicionado (“de cor”) ou um simples adjetivo (“cera”).

Próxima aula: Sintaxe.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Semântica – Aula 15

Boa-noite a todos! Vamos lá?
Em frente!
Aula 15

Os adjetivos “fundo”, “intenso”, “profundo”, “superficial” e “raso” exemplificam a delimitação entre sinônimos através de antônimos;  parece-nos que tal delimitação ocorre tão somente em função dos termos determinados escolhidos, já que os adjetivos em questão (determinantes) são os mesmos, senão vejamos: o substantivo “amor” pode funcionar como núcleo dos sintagmas nominais “fundo amor” (“amor fundo” é uma construção duvidosa), “profundo amor” ou “amor profundo” e “intenso amor” ou “amor intenso”; segundo a proposta de Ullmann (1964), os três adjetivos seriam sinônimos e o seu antônimo seria o adjetivo “superficial”; todavia, falar em “amor superficial” é estranho, pois não nos parece o amor susceptível a gradações, a menos que o sentimento não seja de amor, mas de outra coisa.

Ainda segundo Ullmann, não haveria sinonímia no caso de “água profunda”, pois o antônimo seria “rasa”; o mesmo ocorrerá com o termo determinado “lago”, sendo que, nesse caso, a sinonímia só ocorre entre “fundo” e “profundo”, em oposição a “raso”, pois não se pode falar de “lago intenso”.

Parece-nos ainda que o termo determinado além de determinar se haverá ou não sinonímia, em oposição à antonímia, também interfere neste critério, dependendo do tipo de substantivo considerado, se concreto ou abstrato. Vamos comparar dois termos determinados, por exemplo, “ódio” e “buraco”, respectivamente, abstrato e concreto; podemos formar os sintagmas nominais “ódio intenso” e “ódio profundo”, mas, no caso de “ódio fundo”, temos uma construção, no mínimo, estranha, tal como acontece com “amor fundo”; entretanto, “fundo ódio” é mais aceitável; da mesma maneira, se considerarmos o sintagma “ódio superficial”, teremos mais um sintagma de aceitação duvidosa, pois o ódio, assim como o amor, ou existem e são profundos ou não existem, afinal, amor e ódio superficiais pode ser tudo menos amor e ódio. Quanto a “amor e ódio rasos”, não há o que se comentar, dado o absurdo de tais construções.

No caso de “buraco”, só pode haver sinonímia entre “fundo” e “profundo”, pois não se pode dizer “buraco intenso”; assim também podemos dizer, em oposição, “buraco raso”, mas não “superficial”.

Desse modo, o critério de delimitação de sinônimos através de seus antônimos deve ser analisado com cautela antes de ser aceito, pois há restrições quanto ao seu emprego, além de envolver outros aspectos teóricos que escapam ao âmbito da sinonímia propriamente dita.

Até a próxima...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Semântica – Aula 14

Olá, queridos! Sejam sempre muito bem-vindos aqui neste espaço!
Vamos lá?
Em frente, que ainda temos um longo caminho a percorrer...
Aula 14

O sétimo e o oitavo critérios, respectivamente, um termo é mais local ou dialetal que outro e um termo é mais coloquial que outro, tratam, na verdade, de variações diatópicas e diastráticas, o que os diferencia dos demais critérios, já que não se trata aqui propriamente do contexto, mas, sim, de locais de uso distintos e de diferentes níveis, como o nível culto e o nível popular.

O sétimo critério está exemplificado através das palavras “debochar” e “mangar”; é de se notar que a segunda costuma ser usada, no Nordeste, com o mesmo sentido de “debochar”; apesar disso, tal registro não se encontra nos corpora; encontramos, sim,  o registro de “mangar”, nos três dicionários, como de uso característico no Sul do Brasil, mas com outro sentido que não o de “caçoar”, “debochar” e, sim, de “ser lerdo”, “demorar” para fazer algo.

Em relação ao oitavo critério, temos que a palavra “topar” é de uso coloquial (e também regional, mas com outros sentidos, segundo os corpora), sendo que está registrada como gíria, no Aurélio e no Caldas Aulete, e como regionalismo e de uso informal, no Houaiss (além dos outros usos regionais); já o sinônimo “aceitar” pertence ao nível culto.

No que se refere ao nono critério, este não tem qualquer semelhança com os demais, já que trata da linguagem infantil. A palavra “papá” pode ter o sentido de “papai” e também de “comer”, em uma frase como “nenê qué papá”.

É interessante observar que o verbo “papar” aparece no Aurélio como “familiar” e no Caldas Aulete como “infantil e familiar”; já no Houaiss, não há qualquer registro como “familiar” ou “infantil”. Quanto à palavra “comer”, não há registro nos corpora como sinônima de “papá”; de fato, trata-se de uma “sinonímia” tão específica que talvez não deva ser chamada de sinonímia, afinal, é um período da vida da criança em que ela não aprendeu a falar como os adultos, ou seja, trata-se de um processo natural por que todas as crianças passam e não há, portanto, motivos para tratá-lo como um caso específico de sinonímia.

Até a próxima...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

Semântica – Aula 13

Boa-noite a todos!
Novidades a caminho...
Em breve...
Vou postar aqui um comunicado que fiz circular pela Internet já há algum tempo; refere-se ao meu segundo livro:
A autora do livro “Raciocinando em Português”, Cláudia Assad Alvares, declara que existe uma versão NÃO AUTORIZADA circulando pela Internet no Mercado Livre e em diferentes sebos virtuais. Trata-se de um livro de CAPA PRETA; essa versão, inclusive, contém erros e diversos trechos repetidos. A autora declara ainda que A ÚNICA VERSÃO AUTORIZADA do livro é a que está sendo comercializada pela EDITORA CIÊNCIA MODERNA.
E para continuar...

Aula 13

No que tange ao quinto critério, “um termo é mais profissional que outro”, as palavras “óbito” e “morte” exemplificam-no bem, já que, quando alguém morre, atesta-se o “óbito”, por meio de um documento feito por profissionais, no caso, os médicos que trataram do paciente (não existe um “atestado de morte”).

É interessante observar que a sinonímia contém a propriedade [ou traço semântico] de “exclusão”; explico-me: a simples presença do termo “óbito”, enquanto sinônimo de “morte”, exclui uma enorme gama de significados da palavra (conforme atestado pelos corpora), pois não podemos, por exemplo, considerar aqui um significado para “morte” como em “morte dos ideais”, afinal, não se atesta o “óbito dos ideais” de alguém. Assim, o termo “óbito” restringe o significado de “morte” para tão somente “morte física”, pois, somente nesta circunstância, um médico fornece um atestado de óbito.

As palavras “navio” e “nau” exemplificam o sexto critério (um termo é mais literário que outro); uma simples leitura do corpus – Aurélio e do corpus – Caldas Aulete mostra-nos que ambas são hiperônimos, já que existem vários tipos de navio e de nau.

Aurélio e Caldas Aulete usam a abreviatura “Poét.” [Poético] para o termo “nau”, conforme atestam os corpora; de fato, é comum a palavra “nau” figurar com maior frequência em contextos literários, sobretudo quando o escrito fala do descobrimento do Brasil, do que “navio”, até porque “nau” é de emprego mais restrito (fato que agrada a muitos escritores) e não tem a mesma amplitude de “navio”.

Atualmente, o emprego de “nau” é ainda mais restrito; não dizemos, por exemplo, que “as naus da PETROBRAS” estão na Bahia de Guanabara, mas, sim, que “os navios da PETROBRAS...”.

Até a próxima...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Semântica – Aula 12

Vamos lá, queridos?
Só para lembrar...
Organizei e reuni as aulas de semântica postadas até o momento em um único arquivo (também postado aqui).
Ao enumerá-las, contei 11; portanto, a próxima será...
Aula 12

Para exemplificar o quarto critério, selecionamos as palavras “leproso” e “hanseniano”; é de se notar que a lepra é uma doença que normalmente provoca horror nas pessoas, além de uma forte discriminação para com seus portadores. A própria palavra “lepra” [e, por extensão, “leproso”] é extremamente agressiva e o adjetivo pode, inclusive, ser usado como ofensa [como em “cão leproso”].

Na Roma antiga, os portadores do bacilo de Hansen eram execrados pela sociedade por serem considerados a escória, o que havia de pior; eram tratados como pessoas malditas e, como tais, obrigadas a viver em guetos dos quais todos fugiam. Essas pessoas eram enterradas vivas e passavam por sofrimentos inomináveis. Hoje, embora a doença tenha cura, a discriminação e o horror persistem, mesmo que de uma forma velada. O adjetivo “hanseniano” atende ao “discreto” tratamento dado pela sociedade aos portadores do bacilo, já que é mais “neutro”, digamos, menos “discriminatório”, menos “agressivo” e implica menos “censura”.

Temos, portanto, que esses três critérios, na verdade, constituem as várias faces do eufemismo. É de se notar que o levantamento dos traços semânticos de um vocábulo apresenta grande complexidade, pois, mesmo que as palavras nasçam “neutras”, em estado de dicionário (CITELLI, 1986), vivemos mediados por elas, que, ao se contextualizarem, passam a expressar valores e ideias; transitam ideologias para cumprir amplo espectro de funções persuasivas (CITELLI, 1986, p. 30), fato que atua como um verdadeiro complicador na atribuição de traços a uma determinada palavra.

Desse modo, o eufemismo pode ser tomado como um critério, em substituição ao segundo, ao terceiro e ao quarto, pois seu mecanismo de funcionamento consiste justamente na substituição de um termo dito “forte”, “intenso”, “emotivo” e que implique “censura moral” por um mais “leve”, menos “emotivo” e que implique “aprovação” por parte do ouvinte.

Até a próxima...