segunda-feira, 11 de julho de 2011

Semântica – Aula 15

Boa-noite a todos! Vamos lá?
Em frente!
Aula 15

Os adjetivos “fundo”, “intenso”, “profundo”, “superficial” e “raso” exemplificam a delimitação entre sinônimos através de antônimos;  parece-nos que tal delimitação ocorre tão somente em função dos termos determinados escolhidos, já que os adjetivos em questão (determinantes) são os mesmos, senão vejamos: o substantivo “amor” pode funcionar como núcleo dos sintagmas nominais “fundo amor” (“amor fundo” é uma construção duvidosa), “profundo amor” ou “amor profundo” e “intenso amor” ou “amor intenso”; segundo a proposta de Ullmann (1964), os três adjetivos seriam sinônimos e o seu antônimo seria o adjetivo “superficial”; todavia, falar em “amor superficial” é estranho, pois não nos parece o amor susceptível a gradações, a menos que o sentimento não seja de amor, mas de outra coisa.

Ainda segundo Ullmann, não haveria sinonímia no caso de “água profunda”, pois o antônimo seria “rasa”; o mesmo ocorrerá com o termo determinado “lago”, sendo que, nesse caso, a sinonímia só ocorre entre “fundo” e “profundo”, em oposição a “raso”, pois não se pode falar de “lago intenso”.

Parece-nos ainda que o termo determinado além de determinar se haverá ou não sinonímia, em oposição à antonímia, também interfere neste critério, dependendo do tipo de substantivo considerado, se concreto ou abstrato. Vamos comparar dois termos determinados, por exemplo, “ódio” e “buraco”, respectivamente, abstrato e concreto; podemos formar os sintagmas nominais “ódio intenso” e “ódio profundo”, mas, no caso de “ódio fundo”, temos uma construção, no mínimo, estranha, tal como acontece com “amor fundo”; entretanto, “fundo ódio” é mais aceitável; da mesma maneira, se considerarmos o sintagma “ódio superficial”, teremos mais um sintagma de aceitação duvidosa, pois o ódio, assim como o amor, ou existem e são profundos ou não existem, afinal, amor e ódio superficiais pode ser tudo menos amor e ódio. Quanto a “amor e ódio rasos”, não há o que se comentar, dado o absurdo de tais construções.

No caso de “buraco”, só pode haver sinonímia entre “fundo” e “profundo”, pois não se pode dizer “buraco intenso”; assim também podemos dizer, em oposição, “buraco raso”, mas não “superficial”.

Desse modo, o critério de delimitação de sinônimos através de seus antônimos deve ser analisado com cautela antes de ser aceito, pois há restrições quanto ao seu emprego, além de envolver outros aspectos teóricos que escapam ao âmbito da sinonímia propriamente dita.

Até a próxima...

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