Toda religião tem seu valor. Não
importa a sua, mas o que você se torna a partir dela. Lembremo-nos de que o
fundamento de todas – Deus – é o mesmo; aliás, Deus é uma palavra tão especial
que torna intransitivo o verbo de “ligação”: basta dizer Deus é. Não é
necessário mais do que isso. O mesmo não ocorre com Jesus, que necessita dos
complementos, visto que não é unanimidade e nem todos creem nele; alguns,
inclusive, ainda esperam pela vinda do Eleito de Deus.
Se você não professa nenhuma
religião, isso também não importa; você pode ser bom com ou sem uma religião;
ainda que você não frequente nenhum templo religioso, nada disso importa.
Cristo pregou nas estradas poeirentas de seu tempo, nos montes, na cruz e em
tantos outros lugares descobertos, que devemos nos perguntar se o que importa
mesmo é estar fechado em algum templo religioso. Mas nada disso importa.
Vejamos: o que você faz com o
tempo de que dispõe? O que sua religião diz sobre isso? Conforme expliquei
acima, importa o que você se torna a partir da sua religião, de modo que é
importante se perguntar o que você é e quem você quer se tornar.
Como você trata as pessoas que
moram com você? É do tipo que só trata bem os de fora? Ou diz a si mesmo que “seu
jeito de falar” é aquele para ocultar o próprio comodismo, a preguiça, o
egoísmo, o orgulho enfim?
Você se lembra de que os seus
toleram suas mazelas e merecem, portanto, que você tolere as deles com amor e
bondade?
Como você trata seus pais ou
aqueles que estão com você desde a mais tenra infância? Você é do tipo que
esquece tudo o que eles fizeram por você e os explora na idade madura, afinal
eles moram “de favor” na sua casa? Você tem o hábito de falar mal das pessoas?
Você julga as atitudes do seu próximo e se esquece de que ele, na maioria das
vezes, é seu espelho de aumento?
Você é do tipo que fica no
celular quando seus colegas estão apresentando alguma comunicação e gostariam
de um pouco de respeito e atenção? Você se põe no lugar deles? O que você tem
para ver é tão urgente que não pode esperar uma apresentação terminar? E depois
ainda bate palmas sem ter ouvido sequer uma só palavra?
Você é do tipo que não recolhe as
fezes do seu cão, despreocupado dos focos de Leishmaniose que está deixando
pelas ruas para os animais que vivem ao léu? Você usa seus animais para
trabalhar no seu lugar, suga suas forças até o último suor e os abandona quando
estão idosos?
Você é do tipo que valoriza e
deseja tudo aquilo que não tem e inveja os que obtêm merecidas conquistas às expensas
dos próprios méritos? Afronta pessoas na rua, nos bares, no trânsito por não
ter um mínimo de paciência? Quer tudo a tempo e a hora, mas não se dispõe a
retribuir? Sabe pedir perdão quando comete erros? Procura reparar erros
cometidos em qualquer tempo?
Você é afável e bondoso com todos
aqueles que buscam seu amparo e carinho independentemente de serem pessoas ou
animais? Avalia as pessoas pela cor ou classe social sem pensar que o caráter
não se “mede” por essa escala?
Esses são alguns dos pequenos
tumores da alma que, se não extirpados pelo bisturi da reforma moral, tendem a
crescer e crescer cada vez mais.
E se sua religião não estimula
ativamente sua reforma moral, está na hora de repensar.