quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sem data por enquanto...

Boa-noite a todos!
Terei de ficar um tempo sem postar material, pois, mesmo tendo me proposto a postar uma vez por semana, não consegui ainda encontrar tempo para fazê-lo.
Voltarei a postar, mas não posso, no momento, determinar quando o farei.
Conto com a compreensão de vocês...
Muito obrigada, pessoal...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Justificativa de ausência

Boa-noite a todos!
Infelizmente, não posso estar aqui com a frequência que eu gostaria, pois inúmeros compromissos me impedem de fazê-lo.
Assim, passarei a postar as aulas, ao menos, uma vez por semana; só não posso precisar o dia.
Ainda nesta semana, vou postar aulas de semântica.
É só aguardar!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Semântica – Aula 2


Eu de novo!
Semântica – aula 2 (nomes próprios no dicionário)
Lembro que logo abaixo está postada a aula 18 (da sequência “sinonímia no dicionário”).

Semântica – Aula 18

Boa-noite a todos! (ou será “boa-madrugada”?)
Vamos continuar?
Semântica (Sinonímia no Dicionário)
Aula 18

Na acepção 17 de “profundo”, o exemplo fornecido é “estrutura profunda”; note-se que também não podemos dizer “estrutura funda ou intensa”.

Tais exemplos excluem algumas acepções como possíveis sinônimos, de modo que sua delimitação por meio de antônimos também não é viável.

O dicionário Houaiss não parece apresentar qualquer sistematização no tratamento da sinonímia. Algumas palavras, como “negar”, por exemplo, não apresentam uma referência explícita ao final, mas no corpo do próprio verbete. Assim, na acepção 3, por exemplo, temos “demonstrar rejeição por; repelir, repudiar”.

Em outras palavras, como “repulsão” e “morte”, há uma extensa lista de sinônimos ao final, conforme encontramos em um dicionário de sinônimos.

Já para outros verbetes, há uma indicação explícita de sinonímia no final do verbete, como em “rejeição”: “ver sinonímia de repulsão e antonímia de nução”. É de se notar que nem sempre há referência à sinonímia e à antonímia no mesmo verbete; assim é que a palavra “negar” só traz a indicação de antonímia e “debochar”, somente de sinonímia.

Acrescente-se que nas palavras que trazem uma extensa lista de sinônimos ao final, algumas como “leproso” trazem tão somente a relação de sinônimos, ao passo que outras como “morte”, ao final da lista, trazem ainda “ver também sinonímia de...” e ainda há outras como “óbito” que não trazem nenhum tipo de indicação.

Há palavras que não apresentam indicação de sinonímia nem mesmo no corpo do verbete, como é o caso de “navio”.

Já em outras palavras, como o verbo “comer”, a sinonímia é apresentada não só no corpo do verbete mas também em uma lista, ao final, de acordo com a classe gramatical da palavra; assim, o dicionário apresenta os sinônimos de “comer” como verbo e depois como substantivo masculino.

É de se notar ainda que não há uma ordem preestabelecida para a indicação de sinonímia e antonímia; assim, no substantivo “rejeição”, a indicação de sinonímia aparece primeiro, ao passo que, em “intenso”, a indicação de antonímia aparece primeiro.

O dicionário Aurélio praticamente não apresenta indicação explícita de sinonímia. De um modo geral, tomando por base as palavras do corpus, a sinonímia é apresentada no corpo do próprio verbete, como, por exemplo, na acepção 2 de “rejeitar”: “lançar de si; expelir; vomitar, regurgitar”.

No caso da palavra “recusa”, aparece no final do verbete o registro “Sin., p. us.: recusação”; na palavra “veículo”, acepção “veículo de propaganda”, aparece uma referência à sinonímia (“sin.: veículo de publicidade, veículo publicitário”); já na palavra “ônibus”, quase ao final do verbete, aparece a indicação “sinônimos gerais” seguida das palavras que funcionam como tal.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Semântica – Aulas 1 e 17

Boa-noite a todos!
Vamos continuar?
Como já estamos finalizando a primeira bateria de aulas de semântica (ainda faltam algumas), começo hoje a postar nova sequência de aulas.
Espero que gostem!
Um esclarecimento adicional: como todos sabem, tudo o que posto aqui está registrado no EDA; no entanto, diferentemente das aulas de semântica, as de sintaxe são postadas somente em pdf; isso ocorre pelo seguinte: as aulas de sintaxe, como vocês já devem ter percebido, contêm setas e gráficos, mas estes não podem ser postados como as aulas de semântica porque o programa que uso neste blog  não os aceita.
Para quem está chegando agora, após uma rodada de aulas reúno todas em um único arquivo em pdf, pois, assim, facilita bastante para estudar.
Bom, chega de conversa e vamos às duas aulas de hoje!
Hoje vai tudo em pdf, pois meu computador anda muito temperamental...
http://www.mediafire.com/?1z417hm281ub54s

http://www.mediafire.com/?vprt8f7nfm3fmmr

terça-feira, 19 de julho de 2011

Análise Sintática - Aula 11

Boa-noite a todos!
Estou vendo que há novos seguidores...
Agradeço a todos vocês a presença neste blog...
E sejam todos muito bem-vindos!
Espero que estejam gostando!
Bem, vamos continuar?
Próxima aula: Semântica.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Semântica – Aula 16

Boa-noite a todos!
Vamos lá?
Aula 16

Quanto à análise da sinonímia proposta por Lyons (1979), as palavras escolhidas para compor o corpus revelam-nos aspectos interessantes; já vimos que a sinonímia enquanto uma “hiponímia simétrica” comporta restrições; todavia, os termos “veículo”, “carro”, “ônibus” e “motocicleta” mostram-nos uma possibilidade de hiponímia simétrica entre os dois primeiros.

Uma leitura das definições propostas pelos dicionários escolhidos é suficiente para percebermos que “veículo” é hiperônimo de “carro”, “ônibus” e “motocicleta”; todavia, “carro” também é um hiperônimo, já que existem vários tipos diferentes de carros desde carro “alegórico” até carro “de boi” ou “de mão” (sendo que, neste último, a palavra “carro” é usada no diminutivo).

Também se pode notar nos três dicionários, nas definições propostas para “veículo”, que existe sinonímia entre “veículo” e “carro” ou “automóvel”, ou seja, um dos sinônimos de “veículo” é o termo “carro”; desse modo, podemos afirmar que, de fato, além de “veículo” ser hiperônimo de “carro”, ambos podem funcionar como hipônimos um do outro, já que ambos são hiperônimos em relação a outros termos, mas são sinônimos entre si.

É de se notar, contudo, que, mesmo nestas considerações, há outros aspectos de que não podemos prescindir: mesmo que haja sinonímia entre “carro” e “veículo” e mesmo que ambos sejam hiperônimos, o fenômeno da hiperonímia é diferente em ambos, como ocorre com “material escolar” e “lápis”, por exemplo.  Sabemos que o primeiro é hiperônimo do segundo, como também é hiperônimo de “papel”, “caneta”, “borracha”, “apontador” etc., ou seja, os hipônimos são sintagmas nominais diferentes entre si.

Já no caso de “lápis”, ele será hiperônimo de “lápis preto”, “lápis de cor”, “lápis cera”, “lápis de olho” etc.; note-se que o núcleo destes sintagmas nominais é o mesmo, ou seja, “lápis”; sendo assim, o que diferencia um sintagma do outro não é o núcleo (como os hipônimos de “material escolar”), mas um termo periférico, “marginal” (CARONE, 1991), que pode ser um sintagma preposicionado (“de cor”) ou um simples adjetivo (“cera”).

Próxima aula: Sintaxe.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Semântica – Aula 15

Boa-noite a todos! Vamos lá?
Em frente!
Aula 15

Os adjetivos “fundo”, “intenso”, “profundo”, “superficial” e “raso” exemplificam a delimitação entre sinônimos através de antônimos;  parece-nos que tal delimitação ocorre tão somente em função dos termos determinados escolhidos, já que os adjetivos em questão (determinantes) são os mesmos, senão vejamos: o substantivo “amor” pode funcionar como núcleo dos sintagmas nominais “fundo amor” (“amor fundo” é uma construção duvidosa), “profundo amor” ou “amor profundo” e “intenso amor” ou “amor intenso”; segundo a proposta de Ullmann (1964), os três adjetivos seriam sinônimos e o seu antônimo seria o adjetivo “superficial”; todavia, falar em “amor superficial” é estranho, pois não nos parece o amor susceptível a gradações, a menos que o sentimento não seja de amor, mas de outra coisa.

Ainda segundo Ullmann, não haveria sinonímia no caso de “água profunda”, pois o antônimo seria “rasa”; o mesmo ocorrerá com o termo determinado “lago”, sendo que, nesse caso, a sinonímia só ocorre entre “fundo” e “profundo”, em oposição a “raso”, pois não se pode falar de “lago intenso”.

Parece-nos ainda que o termo determinado além de determinar se haverá ou não sinonímia, em oposição à antonímia, também interfere neste critério, dependendo do tipo de substantivo considerado, se concreto ou abstrato. Vamos comparar dois termos determinados, por exemplo, “ódio” e “buraco”, respectivamente, abstrato e concreto; podemos formar os sintagmas nominais “ódio intenso” e “ódio profundo”, mas, no caso de “ódio fundo”, temos uma construção, no mínimo, estranha, tal como acontece com “amor fundo”; entretanto, “fundo ódio” é mais aceitável; da mesma maneira, se considerarmos o sintagma “ódio superficial”, teremos mais um sintagma de aceitação duvidosa, pois o ódio, assim como o amor, ou existem e são profundos ou não existem, afinal, amor e ódio superficiais pode ser tudo menos amor e ódio. Quanto a “amor e ódio rasos”, não há o que se comentar, dado o absurdo de tais construções.

No caso de “buraco”, só pode haver sinonímia entre “fundo” e “profundo”, pois não se pode dizer “buraco intenso”; assim também podemos dizer, em oposição, “buraco raso”, mas não “superficial”.

Desse modo, o critério de delimitação de sinônimos através de seus antônimos deve ser analisado com cautela antes de ser aceito, pois há restrições quanto ao seu emprego, além de envolver outros aspectos teóricos que escapam ao âmbito da sinonímia propriamente dita.

Até a próxima...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Semântica – Aula 14

Olá, queridos! Sejam sempre muito bem-vindos aqui neste espaço!
Vamos lá?
Em frente, que ainda temos um longo caminho a percorrer...
Aula 14

O sétimo e o oitavo critérios, respectivamente, um termo é mais local ou dialetal que outro e um termo é mais coloquial que outro, tratam, na verdade, de variações diatópicas e diastráticas, o que os diferencia dos demais critérios, já que não se trata aqui propriamente do contexto, mas, sim, de locais de uso distintos e de diferentes níveis, como o nível culto e o nível popular.

O sétimo critério está exemplificado através das palavras “debochar” e “mangar”; é de se notar que a segunda costuma ser usada, no Nordeste, com o mesmo sentido de “debochar”; apesar disso, tal registro não se encontra nos corpora; encontramos, sim,  o registro de “mangar”, nos três dicionários, como de uso característico no Sul do Brasil, mas com outro sentido que não o de “caçoar”, “debochar” e, sim, de “ser lerdo”, “demorar” para fazer algo.

Em relação ao oitavo critério, temos que a palavra “topar” é de uso coloquial (e também regional, mas com outros sentidos, segundo os corpora), sendo que está registrada como gíria, no Aurélio e no Caldas Aulete, e como regionalismo e de uso informal, no Houaiss (além dos outros usos regionais); já o sinônimo “aceitar” pertence ao nível culto.

No que se refere ao nono critério, este não tem qualquer semelhança com os demais, já que trata da linguagem infantil. A palavra “papá” pode ter o sentido de “papai” e também de “comer”, em uma frase como “nenê qué papá”.

É interessante observar que o verbo “papar” aparece no Aurélio como “familiar” e no Caldas Aulete como “infantil e familiar”; já no Houaiss, não há qualquer registro como “familiar” ou “infantil”. Quanto à palavra “comer”, não há registro nos corpora como sinônima de “papá”; de fato, trata-se de uma “sinonímia” tão específica que talvez não deva ser chamada de sinonímia, afinal, é um período da vida da criança em que ela não aprendeu a falar como os adultos, ou seja, trata-se de um processo natural por que todas as crianças passam e não há, portanto, motivos para tratá-lo como um caso específico de sinonímia.

Até a próxima...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

Semântica – Aula 13

Boa-noite a todos!
Novidades a caminho...
Em breve...
Vou postar aqui um comunicado que fiz circular pela Internet já há algum tempo; refere-se ao meu segundo livro:
A autora do livro “Raciocinando em Português”, Cláudia Assad Alvares, declara que existe uma versão NÃO AUTORIZADA circulando pela Internet no Mercado Livre e em diferentes sebos virtuais. Trata-se de um livro de CAPA PRETA; essa versão, inclusive, contém erros e diversos trechos repetidos. A autora declara ainda que A ÚNICA VERSÃO AUTORIZADA do livro é a que está sendo comercializada pela EDITORA CIÊNCIA MODERNA.
E para continuar...

Aula 13

No que tange ao quinto critério, “um termo é mais profissional que outro”, as palavras “óbito” e “morte” exemplificam-no bem, já que, quando alguém morre, atesta-se o “óbito”, por meio de um documento feito por profissionais, no caso, os médicos que trataram do paciente (não existe um “atestado de morte”).

É interessante observar que a sinonímia contém a propriedade [ou traço semântico] de “exclusão”; explico-me: a simples presença do termo “óbito”, enquanto sinônimo de “morte”, exclui uma enorme gama de significados da palavra (conforme atestado pelos corpora), pois não podemos, por exemplo, considerar aqui um significado para “morte” como em “morte dos ideais”, afinal, não se atesta o “óbito dos ideais” de alguém. Assim, o termo “óbito” restringe o significado de “morte” para tão somente “morte física”, pois, somente nesta circunstância, um médico fornece um atestado de óbito.

As palavras “navio” e “nau” exemplificam o sexto critério (um termo é mais literário que outro); uma simples leitura do corpus – Aurélio e do corpus – Caldas Aulete mostra-nos que ambas são hiperônimos, já que existem vários tipos de navio e de nau.

Aurélio e Caldas Aulete usam a abreviatura “Poét.” [Poético] para o termo “nau”, conforme atestam os corpora; de fato, é comum a palavra “nau” figurar com maior frequência em contextos literários, sobretudo quando o escrito fala do descobrimento do Brasil, do que “navio”, até porque “nau” é de emprego mais restrito (fato que agrada a muitos escritores) e não tem a mesma amplitude de “navio”.

Atualmente, o emprego de “nau” é ainda mais restrito; não dizemos, por exemplo, que “as naus da PETROBRAS” estão na Bahia de Guanabara, mas, sim, que “os navios da PETROBRAS...”.

Até a próxima...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Semântica – Aula 12

Vamos lá, queridos?
Só para lembrar...
Organizei e reuni as aulas de semântica postadas até o momento em um único arquivo (também postado aqui).
Ao enumerá-las, contei 11; portanto, a próxima será...
Aula 12

Para exemplificar o quarto critério, selecionamos as palavras “leproso” e “hanseniano”; é de se notar que a lepra é uma doença que normalmente provoca horror nas pessoas, além de uma forte discriminação para com seus portadores. A própria palavra “lepra” [e, por extensão, “leproso”] é extremamente agressiva e o adjetivo pode, inclusive, ser usado como ofensa [como em “cão leproso”].

Na Roma antiga, os portadores do bacilo de Hansen eram execrados pela sociedade por serem considerados a escória, o que havia de pior; eram tratados como pessoas malditas e, como tais, obrigadas a viver em guetos dos quais todos fugiam. Essas pessoas eram enterradas vivas e passavam por sofrimentos inomináveis. Hoje, embora a doença tenha cura, a discriminação e o horror persistem, mesmo que de uma forma velada. O adjetivo “hanseniano” atende ao “discreto” tratamento dado pela sociedade aos portadores do bacilo, já que é mais “neutro”, digamos, menos “discriminatório”, menos “agressivo” e implica menos “censura”.

Temos, portanto, que esses três critérios, na verdade, constituem as várias faces do eufemismo. É de se notar que o levantamento dos traços semânticos de um vocábulo apresenta grande complexidade, pois, mesmo que as palavras nasçam “neutras”, em estado de dicionário (CITELLI, 1986), vivemos mediados por elas, que, ao se contextualizarem, passam a expressar valores e ideias; transitam ideologias para cumprir amplo espectro de funções persuasivas (CITELLI, 1986, p. 30), fato que atua como um verdadeiro complicador na atribuição de traços a uma determinada palavra.

Desse modo, o eufemismo pode ser tomado como um critério, em substituição ao segundo, ao terceiro e ao quarto, pois seu mecanismo de funcionamento consiste justamente na substituição de um termo dito “forte”, “intenso”, “emotivo” e que implique “censura moral” por um mais “leve”, menos “emotivo” e que implique “aprovação” por parte do ouvinte.

Até a próxima...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Aulas de Semântica

Olá, queridos! Este final de semestre está terrível (provas, notas, provas, notas...)!
Quero deixar registrado aqui meu agradecimento ao Carlos pelo comentário sobre o texto “A escova inteligente”...
De fato, a semântica está presente em nosso dia a dia; aliá-la à mídia torna a análise ainda mais interessante.
Em breve, teremos outros textos assim aqui no blog.
Mas vamos lá!
Enquanto não temos as pastas...
Bem, tentei organizar as aulas de semântica postadas até agora; para facilitar, numerei-as e juntei-as em um único arquivo; assim, quem estiver entrando agora no blog poderá salvá-las de uma só vez.
Além disso, a próxima aula já seguirá a numeração normalmente.
Só para lembrar...
Para o bom entendimento das aulas, é preciso recorrer aos corpora (Aurélio, Caldas Aulete e Houaiss) já postados aqui nas páginas anteriores, estamos conversados?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Semântica...

Boa-noite a todos!
Vamos continuar?
Para o terceiro critério proposto, vamos usar um exemplo extraído da pragmática; Watzlawick, Beavin e Jackson (1967), em sua Pragmática da Comunicação Humana, já nos ressaltam a necessidade intrínseca do homem de ser confirmado pelo outro, no processo de interação. Em um tal contexto, o homem, que é um ser, por excelência, social e do discurso, constrói sua identidade pela via da linguagem, que o instaura em sua condição de ser.

Portanto, usar essa mesma via para retirar-lhe as "âncoras" é o mesmo que negá-lo, desconfirmá-lo ou, por outras palavras, atirá-lo à sombra do discurso junto com toda a sua bagagem linguística prévia, sua cultura, sua raça, enfim, relegá-lo à condição de não-ser.

Segundo Houaiss (2001), aquele que nega “recusa-se a admitir” a existência de algo, o que nos mostra que o verbo “negar” (palavra do corpus) implica maior emotividade [e também intensidade!] que “rejeitar” (palavra do corpus), porque, para rejeitar, é preciso primeiro admitir a existência daquilo que se está rejeitando, o que não acontece quando se nega.

Naturalmente, trata-se aqui de um contexto bem específico; sendo assim, em outras situações, a negação implicará necessariamente a existência de algo; por exemplo, quando alguém nega que disse determinadas palavras, é preciso reconhecer primeiro que tais palavras foram ditas. Tudo isto nos vai mostrando que, na tessitura da sinonímia, praticamente não há espaço para o isolamento das palavras.

Próxima aula: sintaxe.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Semântica...

Boa-noite a todos! Eu já estava com saudades!
Vamos lá, queridos?
Continuando com a semântica...
Vejamos as palavras do corpus; para enquadrar-se no segundo critério, temos as palavras “rejeição”, “recusa” e “repulsão”; naturalmente, podemos considerar “repulsão” um termo “mais intenso” que os demais, uma vez que, segundo Houaiss e Caldas Aulete, “repulsão” implica “asco”, “repugnância”, o que não acontece necessariamente com as palavras “rejeição” e “recusa”; sendo assim, a “emotividade” provocada por “repulsão” é muito mais forte. Acrescente-se a isto que, se a repulsa for revelada diante de um mendigo, por exemplo, tal atitude deverá provocar censura moral por parte de quem presencie a cena.

A rejeição, que também é um termo bastante “intenso”, ainda é mais “suave” que “repulsa”, já que podemos demonstrar rejeição por algo, alguém ou até mesmo por uma situação sem que tenhamos nojo; a rejeição poderá ser por alguma coisa que provoque profunda infelicidade, por exemplo.

Já a recusa revestir-se-á de rejeição ou até mesmo de repulsa, dependendo do modo como seja feita, pois há várias maneiras de manifestar recusa; assim, um convite pode ser recusado com delicadeza, grosseria ou asco. O fato é que as três palavras em questão, por sua própria definição, não podem ser totalmente neutras, a não ser quando descontextualizadas ou em “estado de dicionário” (CITELLI, 1986). Convenhamos que, por se tratarem de signos, ao se contextualizarem, transitarão ideologias, crenças e efeitos variados no interlocutor (CITELLI, 1986), de modo que fatores como “emotividade”, “censura” e “aprovação” passem a integrar o mesmo campo associativo.

Próxima aula, sintaxe.

sábado, 18 de junho de 2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Semântica...

Boa-noite a todos...
Estou vendo que há novos seguidores...
Agradeço a todos vocês a presença neste blog...
Bem, vamos continuar?
Postei anteontem um material de consulta para as próximas aulas de semântica; refiro-me ao corpus que utilizei para as análises que fiz em um dos meus artigos.
Vamos, então, às análises!

As duas primeiras palavras escolhidas (“profissional” e “economista”) atendem bem ao primeiro critério proposto por Collinson, já que “profissional” é mais geral que “economista”. Ocorre que Collinson propõe critérios para explicar as diferenças mais comuns entre sinônimos; desse modo, o autor parte do pressuposto de que as palavras susceptíveis à aplicação do referido critério são sinônimas, fato que não é possível de acontecer, pois, na verdade, o que vislumbramos aqui é o fenômeno da hiperonímia, senão vejamos: dizer que um termo é mais geral que o outro é o mesmo que dizer que o mais geral contém o mais específico, ou seja, trata-se da relação hiperônimo/hipônimo.

É de se notar que, se todo economista é um profissional, nem todo profissional é um economista; sendo assim, podemos afirmar que “economista” é sinônimo de “profissional”, mas o inverso só será verdadeiro em determinados contextos, já que o hiperônimo “profissional” contém diversos hipônimos e “economista” é apenas um deles. A sinonímia aqui parece configurar um fenômeno de “mão única”, o que acaba por descaracterizá-la, já que pressupõe um caminho de “mão dupla”.

O segundo, terceiro e quarto critérios propostos por Collinson estão associados entre si e podem ser sintetizados em um só, senão vejamos: quando dizemos que um termo é mais intenso que outro, o que significa ser “mais intenso”, senão portador de uma carga maior de emotividade? E mais: se um determinado termo provoca comoção em alguém, isto só se dá porque o termo em questão não é neutro e, dependendo da situação, o grau de comoção provocado pode importar aprovação ou censura moral.

Amanhã, sintaxe...
No sábado, A ESCOVA INTELIGENTE...

terça-feira, 14 de junho de 2011

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Vivere

Boa-noite, pessoal!
Inúmeros compromissos impediram-me de estar aqui ontem...
Alguns avisos...
Daremos uma pequena pausa nas aulas de semântica; será uma pausa bem pequena...
Na próxima segunda ou, no máximo, terça, começarei a postar aulas inéditas de análise sintática; começaremos do zero mesmo...
E aguardo a presença de vocês, é claro!
Bem, por hoje, vou postar um poema para o Cantinho do Estudante...
Descobri que tenho mais um aluno poeta... Não é o máximo?
O poema de hoje se chama Vivere e é fruto do talento do Vinícius, aluno do Propedêutico...
Bem, vamos a ele:
VIVERE
Dá-me o teu amor
E receba-me por inteiro.
Minha existência
Só em ti consegue sentido.
Mas quem tu és?
Quem sou eu?
Tu és a perfeição do amor.
A perfeição do amor tu és.
A sublimação do desejo sou eu.
Se me queres, toma!
Antes que te entregues a mim
Te possuo.
Não permitas que de ti me aparte
A vida não vale a pena
Sem teu amor.

Autor: Vinícius Nascimento

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Sinonímia em Lyons – Continuação

Boa-noite a todos...

Vamos continuar?

Convém observar que Lyons, ao expor sua teoria, brinda-nos com um número muito pequeno de exemplos e, no que se refere à sinonímia como hiponímia simétrica, não nos fornece exemplificação.

Curiosamente, ao falar da sinonímia como um caso especial de hiponímia, oferece-nos como exemplo as palavras “primogênito” e “caçula”, que não são sinônimas, pois “primogênito” é o filho mais velho, ao passo que “caçula” é o mais novo; no entanto, ambas as palavras são hipônimos do hiperônimo “filho” e, como tal, são “filhos” já que existe uma correspondência entre os traços semânticos de hiperônimos e hipônimos; sob este aspecto podemos até considerá-las sinônimas, pois “primogênito” = “filho” e “caçula” = “filho” (mas uma não se pode substituir pela outra já que os significados são opostos e, na verdade, a relação entre ambas é de antonímia).

Desse modo, temos que, segundo a definição matemática de Lyons (1979), “se x é um hipônimo de y e se y é também um hipônimo de x – isto é, se a relação é bilateral ou simétrica –, então x e y são sinônimos”; se considerarmos x = primogênito ou caçula e y = filho, teremos que, se x (primogênito ou caçula) é hipônimo de y (filho) e se y (filho) é hipônimo de x (primogênito ou caçula), então x e y são sinônimos, ou seja, “primogênito ou caçula” são sinônimos de “filho”, o que não é verdadeiro, já que todo primogênito e todo caçula são filhos mas nem todo filho é primogênito ou caçula; o que dizer, por exemplo, do filho “do meio” e do filho “adotado” e do filho “emprestado” e do filho “do coração”?

Note-se que dizer que x é hipônimo de y é o mesmo que dizer que y é hiperônimo de x; sendo assim, ambos não podem ser sinônimos. Suponhamos agora, em lugar dos sintagmas “primogênito” e “caçula”, respectivamente, os sintagmas “filho mais velho” e “filho mais novo” (modificados sintagmaticamente); então teremos que, se x (filho mais velho ou filho mais novo) é hipônimo de y (filho) e se y (filho) é hipônimo de x (filho mais velho ou filho mais novo), então x e y são sinônimos, ou seja, “filho mais velho ou filho mais novo” são sinônimos de “filho”; realmente são, mas um não se substitui pelo outro; além disso, se uma palavra é  hipônima de  outra, isto significa dizer que uma delas é um hiperônimo e, como tal, ambas não podem ser sinônimas, já que uma contém a outra, a não ser em contextos bem específicos.

Portanto, não podemos pensar em equivalência matemática para a língua, já que esta não é uma ciência exata.

terça-feira, 7 de junho de 2011

A Sinonímia em Lyons

Boa-noite, queridos! Vamos continuar?

E para aquecer os motores...

A Sinonímia em Lyons

Lyons (1979), ao analisar o fenômeno da sinonímia, propõe, entre outras considerações relevantes, uma análise relacionada aos conceitos de hiperonímia e hiponímia; assim, o autor considera a sinonímia como uma “hiponímia simétrica”.

Nas palavras do autor (1979, p. 483-484):

Embora um termo hiperônimo não implique, em geral, o seu hipônimo, ocorre freqüentemente que o contexto situacional ou a modificação sintagmática do termo hiperônimo o determinará no sentido de um de seus hipônimos. Essa é a origem da sinonímia dependente do contexto (...). E isso sugere igualmente a possibilidade  de definir a relação de sinonímia como “hiponímia simétrica”: se x é um hipônimo de y e se y é também um hipônimo de x – isto é, se a relação é bilateral ou simétrica -, então x e y são sinônimos. (...) A sinonímia, como um caso especial de hiponímia, tem, pois, a propriedade adicional de ser uma relação simétrica: estabelece-se entre a e b e entre b e a. Por motivos puramente formais ela também pode ser definida como reflexiva: (...) toda unidade lexical que se substitui a si mesma é sinônima de si mesma, no mesmo contexto. A sinonímia é, portanto, uma relação de equivalência no sentido matemático do termo.

Vamos considerar ainda as definições abaixo:

Hiperônimo (Dubois) – sin. superordenado. É o termo cuja significação inclui o sentido (ou os sentidos) de um ou de diversos outros termos chamados hipônimos. O sentido do nome da parte de um todo é o hipônimo do sentido do todo que é o seu hiperônimo. Assim, animal é o hiperônimo de cão, gato, burro,etc.

Hipônimo (Dubois) – é o sentido do nome da parte de um todo.

Hiperônimo (Houaiss) - adjetivo e substantivo masculino
Rubrica: lingüística.
relativo a ou vocábulo de sentido mais genérico em relação a outro (p.ex., assento é hiperônimo de cadeira, de poltrona   etc.;      animal é hiperônimo de leão; flor é
hiperônimo de malmequer, de rosa etc.);
superordenado
Obs.: p. opos. a hipônimo

Hipônimo (Houaiss) - adjetivo e substantivo masculino
Rubrica: lingüística.
diz-se de ou vocábulo ou sintagma de sentido mais específico em relação ao de um outro mais geral, em cuja classe está contido (p.ex., poltrona é hipônimo de assento; leão é hipônimo de animal)
Obs.: p.opos. a hiperônimo

Hiperônimo (Aurélio) - [De hiper- + -ônimo.]
S. m. E. Ling. 
1. Numa relação de hiperonímia, o termo cujo significado é mais genérico. 
[Cf. hipônimo.]

Hipônimo (Aurélio) - [De hip(o)-1 + -ônimo.]
S. m. E. Ling.
1. Numa relação de hiponímia, o termo cujo significado é menos genérico.
[Cf. hiperônimo.]


Podemos perceber, com base nas definições acima, que o hiperônimo é um indicador de classes e o hipônimo é um dos membros da classe designada pelo hiperônimo. Por exemplo, “fruta” é um hiperônimo, ao passo que “manga”, “uva”, “banana” etc. são hipônimos.

Vamos tomar o seguinte conjunto de vocábulos:

ANIMAL :  + Animado / - Humano               

GATO :  + Animado / - Humano / + Felino / +Vertebrado / + Doméstico / etc.

ONÇA :  + Animado / - Humano / + Felino / +Vertebrado / - Doméstico / etc.                      

BARATA : + Animado / - Humano / - Vertebrado / etc.                                                                      

É de se notar que os vocábulos "gato", "onça" e "barata" são hipônimos de "animal", que, por seu turno, tem presença do traço "animado" e ausência do traço "humano"; assim, temos que: ANIMAL = + Animado e - Humano, entre outros traços.

Convém observar que os traços especificados do hiperônimo "animal" ("+Animado" e "-Humano") são os traços comuns aos hipônimos "gato", "onça" e "barata"; os demais traços do hiperônimo são não-especificados ou, por outras palavras, não são dotados dos sinais "+" ou "-".

Como podemos ver, o hiperônimo é mais abrangente do que o hipônimo, já que se trata de uma relação do tipo contém / está contido; mesmo assim, se fizermos uma modificação sintagmática no termo hiperônimo, conforme nos propõe Lyons (1979), é possível determiná-lo no sentido de um de seus hipônimos.

Desse modo, temos que o hiperônimo “profissional” e o hipônimo “advogado” poderão tornar-se sinônimos se acrescentarmos o sintagma preposicionado “do direito” ao hiperônimo “profissional”; assim, “profissional do direito” equivale a “advogado”, ou seja, são sinônimos.

Todavia, esse procedimento não é uma regra e, como tal, não pode ser generalizado nem mesmo para um determinado hiperônimo, senão vejamos: como modificar o hiperônimo “profissional” para torná-lo sinônimo dos hipônimos “lixeiro”, “sapateiro”, “engenheiro” e “ascensorista”, por exemplo? Diremos, respectivamente, “profissional do lixo”, “profissional do sapato”, “profissional do engenho” (e aqui o sentido será alterado a ponto de mudar a profissão; já “profissional de engenharia” seria mais aceitável, embora não seja comum) e “profissional do elevador”?

Continua...