domingo, 19 de maio de 2019


Ensino a Distância

Vejo o ensino a distância no Brasil como um desafio diário; explico-me: há que se ter em conta dois obstáculos:

(1) o primeiro, talvez o mais fácil de transpor ao menos a parte material , é o preço dos equipamentos e a extensão da banda larga, problemas que demandam tempo, boa vontade, menos ganância e melhor administração do dinheiro; por esse motivo, não creio tão democrático assim o ensino a distância;

(2) o segundo já é mais complexo, pois diz respeito à cultura empresarial; há instituições particulares cuja prioridade é o lucro, não a qualidade do ensino; assim é que, em tais estabelecimentos, o ensino deixa a desejar mesmo, sobretudo porque o desejo de lucro fácil impede os investimentos necessários — que não são pequenos — para que sejam oferecidos bons cursos e um corpo docente qualificado.

Há que se considerar também que não há nenhuma lei no Brasil que obrigue uma pessoa a cursar uma Pós-Graduação; portanto, se ela o faz, há que ter consciência e assumir a responsabilidade por suas escolhas; no entanto, presenciamos justamente o contrário: há alunos que não leem, não se empenham, ignoram as exigências de um curso a distância de excelência e, ainda assim, querem notas altas e aprovação; culpam o professor pelos erros não assumidos, pela própria incompetência em administrar seus egos e, até mesmo, pelas mazelas da instituição de ensino.

Lamentavelmente, há instituições cuja qualidade comprovada também não é suficiente para rejeitar o comportamento antiético e desrespeitoso desses alunos. Ainda nessas instituições e em muitas outras , percebo que noções como “ética” e “respeito ao próximo” são tão frágeis como papel molhado. A crítica dificilmente é bem-vinda, mesmo aquela respeitosa e cujo propósito são ajustes importantes e necessários no pensamento do outro. Quero dizer que egos mal administrados são duro golpe na qualidade do ensino a distância, já que estou falando especificamente desse tema, por mais tecnologia que se tenha.

Antes de educar a distância, é preciso, primeiro, educar, este sim o grande desafio — dentro e fora de casa e dos computadores.

2 comentários:

  1. Verdade amiga Cláudia. Precisamos ensinar desde a mais tenra idade o hábito da leitura e a responsabilidade em aprender depende de cada um. Mas muitos ensinos à distancia aproveitam essa falha e oferecem servicos que deixam a desejar.

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  2. Há sim como considerar o ensino a distância como um veículo, por vezes, crítico diante das situações como as já mencionadas no texto, quanto a atenuante qualidade de ensino, os equipamentos necessários, o suporte adequado, porque acima de qualquer outro viés, esse sistema visa a educação como gestão lucrativa, o capital é mais relevante do que uma educação de qualidade.
    Excelentíssimo texto Professora Cláudia Assad. Um abraço!

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