Quando
escrevemos algo , devemos nos preocupar com quem vai ler
o que foi escrito
por nós. Muitas vezes ,
quando escrevemos, achamos que tudo está fácil e simples ,
afinal , nós próprios
sabemos o que estamos dizendo — ou
escrevendo. O problema é que não escrevemos para
nós mesmos ,
mas para o outro.
E é com esse
outro — o leitor
— que devemos nos
preocupar .
A
ambiguidade, por exemplo, pode tornar-se um problema para quem lê. Ambiguidade significa duplo
sentido (ambo, do latim, significa “dois”).
Vamos
ao primeiro?
O exemplo abaixo
foi extraído, com adaptações , de
MORENO , C.; GUEDES, P. C. Curso básico
de redação . São Paulo: Ática, 1991.
1. ambiguidade no antecedente
dos pronomes
Vejamos
a seguinte frase:
Jorge
disse a seu irmão
que ele perdera o emprego .
O problema aqui é
claro: quem perdeu o emprego? Jorge ou
o irmão?
O pronome ele deve ser
usado com muita
cautela , pois ,
teoricamente, pode se referir a qualquer
coisa que não seja eu ou tu /você. Assim ,
pode se referir ao inspetor, ao médico ,
ao relatório , ao vaso ,
ao livro , ao pássaro ...
Jorge
disse a seu irmão :
— perdi
o emprego .
Jorge
disse a seu irmão :
— você perdeu o emprego .
Jorge, ao saber que perdera o emprego ,
contou tudo ao irmão .
Jorge
disse ao irmão que
ele (Jorge) havia perdido
o emprego .
Vejamos
outro exemplo:
O
inspetor saiu apressado de sua sala . Antes , porém ,
escreveu um bilhete
e deixou-o sobre a mesa
da secretária recém-contratada:
"Fulana , o gerente
geral e o diretor
estão em reunião .
Não os interrompa, mas ,
quando a reunião
terminar , por
favor , diga
a ele que
a sua mulher
ligou e precisa falar
com ele
com uma certa
urgência . Muito obrigado ."
A secretária , ao ler o bilhete , ficou, como
é óbvio , se perguntando a qual dos dois deveria dar o recado, mas resolveu arriscar
e, quando a reunião
acabou, dirigiu-se ao senhor Fulano: "Senhor Fulano , sua esposa
ligou e precisa lhe
falar com
uma certa urgência ."
O senhor Fulano olhou para ela sem compreender e
disse-lhe: “Mas como pode ser ?
Estou viúvo há três
anos ...”
Como esse constrangimento poderia ter sido evitado?
Bastaria
que o bilhete
tivesse sido redigido nos seguintes termos:
"Fulana , o
senhor Fulano e o senhor Beltrano
estão em reunião .
Não os interrompa, mas ,
quando a reunião
terminar , por
favor , diga
ao senhor Beltrano
que a mulher
dele
ligou e precisa falar-lhe
com uma certa
urgência . Muito
obrigado ."
"Fulana , o
senhor Fulano e o senhor Beltrano
estão em reunião .
Não os interrompa, mas ,
quando a reunião
terminar , por
favor , diga
ao segundo que a
mulher dele ligou e precisa falar-lhe com
uma certa urgência .
Muito obrigado ."
"Fulana , o
senhor Fulano e o senhor Beltrano
estão em reunião .
Não os interrompa, mas ,
quando a reunião
terminar , por
favor , diga
a este que a mulher dele ligou e precisa
falar-lhe
com uma certa
urgência . Muito
obrigado ."
Se o
recado fosse para o senhor Fulano:
"Fulana , o
senhor Fulano e o senhor Beltrano
estão em reunião .
Não os interrompa, mas ,
quando a reunião
terminar , por
favor , diga
ao senhor Fulano que a mulher
dele
ligou e precisa falar-lhe
com uma certa
urgência . Muito
obrigado ."
"Fulana , o
senhor Fulano e o senhor Beltrano
estão em reunião .
Não os interrompa, mas ,
quando a reunião
terminar , por
favor , diga
ao primeiro que a
mulher dele ligou e precisa falar-lhe com
uma certa urgência .
Muito obrigado ."
"Fulana , o
senhor Fulano e o senhor Beltrano
estão em reunião .
Não os interrompa, mas ,
quando a reunião
terminar , por
favor , diga
àquele que a mulher dele ligou e precisa
falar-lhe
com uma certa
urgência . Muito
obrigado ."
Continuamos
na próxima postagem.
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